Hipogamaglobulinemia
Hipogamaglobulinemia
IMUNODEFICIÊNCIA COMUM VARIÁVEL (ANTIGA HIPOGAMAGLOBULINEMIA OU DISGAMAGLOBULINEMIA)
O termo ICV é usado para descrever uma síndrome incompletamente definida caracterizada por uma formação prejudicada de anticorpos. Os pacientes apresentam redução dos níveis séricos de IgG e IgA, e, em metade dos casos, a IgM apresenta também menores concentrações. Há inabilidade em produzir anticorpos específicos após vacinação ou exposição antigênica. O diagnóstico é feito após a exclusão de outras causas de defeitos de imunidade humoral.
É uma das imunodeficiências primárias mais freqüentes, com uma prevalência estimada de 1:10000 a 1:50000, afetando igualmente o sexo masculino e o feminino, com uma idade de apresentação na segunda ou terceira década de vida. A maioria dos casos de ICV é esporádica, mas, pelo menos 10% são familiares, com a predominância da herança autossômica dominante ou recessiva.
Assim como as outras imunodeficiências humorais, as infecções sino pulmonares piogênicas de repetição destacam-se e a instalação da doença ocorre em dois picos, entre 1-5 e 16-20 anos de idade. Complica-se por quadros autoimunes em até 20% e linfo proliferação com esplenomegalia (aumento do baço) em aproximadamente 1/3 dos indivíduos afetados. O diagnóstico precoce desta condição clínica é importante, pois, alguns pacientes são detectados apenas quando a doença pulmonar crônica está instalada, incluindo bronquiectasia.
A gravidade das infecções reflete o grau de distúrbio imunológico. Aumento de linfonodos (Gãnglios) e baço ocorrem em metade dos pacientes e podem alertar para um processo infeccioso. Os linfonodos podem mostrar uma hiperplasia folicular reativa e granulomas não caseosos lembrando sarcoidose. O trato gastrointestinal pode também estar envolvido no processo com uma hiperplasia linfoide nodular.
Apesar do uso de gamaglobulina e antibióticos, as infecções podem ocorrer. Não foi esclarecido porque a bactéria não é eliminada com o uso de antibióticos. A Moraxella catharralis e o Streptococcus pneumoniae também são identificados em pacientes com IDCV e a melhora no tratamento tem reduzido as complicações decorrentes destes agentes infecciosos, como: bronquiectasias, fibrose pulmonar e insuficiência respiratória.
Os pacientes hipogamaglobulinêmicos apresentam uma alta suscetibilidade a infecções por Micoplasma, mas o diagnóstico pode ser retardado pela instalação insidiosa dos sintomas. OMycoplasma pneumoniae é uma causa comum de pneumonia e os Mycoplasma hominis eUreaplasma urealyticum foram envolvidos em infecções do trato urinário e, também, foram isoladas do líquido sinovial de pacientes com artrite.
À semelhança dos agamaglobulinêmicos ligados ao X, alguns pacientes desenvolvem infecções enterovirais incomuns como meningo-encefalite crônica e outras manifestações como a Síndrome semelhante a dermatomiosite. Também são suscetíveis a infecções gastrointestinais causadas por Giardia lamblia e Campylobacter jejuni.
Poucos pacientes com DIgA e ICV foram descritos com Doença de Crohn ou colite ulcerativa (doença inflamatória intestinal), mas, esta associação não pode ser confirmada pela falta de estudo em grandes populações.
A alta frequência de carcinomas, especialmente linfomas malignos foi descrita entre pacientes com imunodeficiências primárias. Um estudo prospectivo inglês (1985) mostrou um risco 23 vezes maior de linfoma maligno e 50 vezes maior de câncer gástrico em pacientes com hipogamaglobulinemia, principalmente ICV. Ao contrário dos pacientes portadores de ALX, 1/3 dos pacientes com ICV apresentam esplenomegalia e/ou linfadenopatia difusa. Granulomas não caseosos lembrando a sarcoidose, linfo proliferação não maligna e até, hiperplasia nodular linfoide em trato gastrointestinal pode ocorrer.
Pacientes com ICV são mais suscetíveis a doenças autoimunes como anemia perniciosa, anemia hemolítica, trombocitopenia e neutropenia. A lista de doenças autoimunes associadas à IDCV inclui também, o lúpus eritematoso sistêmico, artrite reumatoide, síndrome de Sjögren, dermatomiosite, doença celíaca e Addison.
O diagnóstico é estabelecido pelos níveis baixos de IgG e IgA, geralmente acompanhados de valores baixos de IgM, com resposta prejudicada de formação de anticorpos. Pacientes do sexo masculino com valores muito baixos de IgG devem ser diferenciados dos portadores de ALX, através da avaliação da presença de células B. A imunidade mediada por células pode estar prejudicada com função dos linfócitos T diminuída e falta de resposta aos testes de hipersensibilidade cutânea tardia, caracterizando uma Imunodeficiência Combinada.
O tratamento consiste na administração de gamaglobulina endovenosa e a antibioticoterapia profilática pode ser necessária.
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